30 Dez / Cannabis gera aumento nos Internamentos Hospitalares
Portugal regista um aumento de 30 vezes nos internamentos hospitalares por distúrbios psicóticos associados ao abuso ou dependência de cannabis.
O aumento dos internamentos por perturbações psicóticas, associadas ao abuso ou dependência de cannabis, pode ser explicado pelo aumento dos diagnósticos secundários e à mudança dos padrões de consumo da mesma. Assim como ao aumento da frequência média/elevada das doses pelos consumidores deste tipo de drogas, junto da população Portuguesa.
A cannabis é uma das drogas recreativas mais usadas sendo o seu princípio activo principal o THC, cujo teor aumentou de 6% para 15-20% na actualidade e nos EUA os e-liquids / vaping e cigarros electrónicos que registam valores de 85-90%. De facto, o THC activa os receptores cannabinóides que, quando activados, interferem na actividade cerebral, especificamente nas áreas responsáveis pela cognição, percepção, ansiedade, medo, memória e gratificação.
O Estudo Científico
Em suma, o número de hospitalizações com diagnóstico primário de distúrbios psicóticos e esquizofrenia associada ao consumo de cannabis aumentou 29,4 vezes, passando para 588 hospitalizações. No total registaram-se 3.233 hospitalizações, entre 2000 e 2015 ( com um custo médio de 3.500€ por caso).
A saber, os pacientes masculinos representam 89,8% dos episódios, e uma média de idades de 30,66 anos. Do total de 68.630 internamentos por esquizofrenia e distúrbios psicóticos, os internamentos por diagnóstico secundário aumentaram de 0,87% em 2000 para 10,6% em 2015. Assim, a média LoS foi de 19,42 dias, significando esta longa duração a necessidade de tratamento de desabituação, tratamento de comorbidades orgânicas e de suporte na reinserção social após o internamento do paciente.
Estas são as principais conclusões do estudo científico publicado em Dezembro de 2019 por Investigadores do Departamento de Medicina Comunitária, Informação e Ciências de Decisão em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que revela um aumento significativo dos internamentos hospitalares por distúrbios associados ao abuso ou dependência de cannabis. Em resumo, este estudo foi desenvolvido através de uma metodologia de observação retrospectiva nas hospitalizações nos hospitais públicos a nível nacional entre 2000 e 2015.
Cannabis no Mundo, Europa e Portugal
Em 2017, estima-se que 271 milhões de pessoas, ou 5,5% da população global entre 15 e 64 anos, usaram drogas, estimando-se que 35 milhões de pessoas sofram de transtornos relacionados com o uso de drogas. Destes:
> 188 milhões são consumidores de cannabis.
> 53 milhões de opióides .
> 29 milhões de anfetaminas e estimulantes prescritos.
> 21 milhões de ecstasy.
> e 18 milhões consumidores de cocaína.
A prevalência estimada do consumo de cannabis na população Portuguesa é 9,7% e de 7,45 na população na Europa. Relativamente ao consumo moderado/elevado de cannabis em Portugal é de 2,3 – 3,2% e de 1% na prevalência Europeia.
De facto, numa altura em que os Partidos Políticos em Portugal debatem a legalização do uso de cannabis para fins recreativos, esta pesquisa é um recurso importante para se perceber o real impacto em termos da saúde pública e mental, suas consequências e custos / despesa pública de saúde e social.
Efeitos curto e longo prazo do consumo de cannabis
Sendo a droga mais consumida, logo a seguir ao álcool, é preciso terem atenção que o actual teor de THC mais elevado e os padrões de consumo diários aumentam o risco de dependência junto de jovens e jovens adultos.
Entre os principais efeitos de curtos prazo, salientamos de acordo com dados do NIDA:
> sentidos alterados (por exemplo, ver cores mais brilhantes ou de tempo).
> mudanças de humor.
> movimento corporal prejudicado.
> dificuldade em pensar e resolver problemas.
> memória prejudicada.
> alucinações e delírios (quando consumido em altas doses)
> psicose (o risco é mais alto com o uso regular de marijuana de alta potência)
Efeitos de longo prazo:
> A marijuana afecta o desenvolvimento do cérebro. Assim, quando as pessoas começam a consumir na adolescência, esta droga pode prejudicar as funções de pensamento, memória e aprendizagem. Bem como afectar a maneira como o cérebro constrói conexões entre as áreas necessárias para essas funções.
As pessoas que começam a fumar marijuana de forma elevada na adolescência e com distúrbio de uso contínuo registaram um declínio de uma média de 8 pontos de QI entre as idades de 13 e 38 (Duke University, Nova Zelândia).
Como afecta a marijuana a Vida de uma Pessoa?
Aqueles que frequentemente consomem cannabis relatam o seguinte:
> primeiramente, menor satisfação com a vida.
> pior saúde mental.
> pior saúde física.
> Por último, mais problemas de relacionamento.
As pessoas também relatam menos sucesso académico e profissional. O seu consumo está associado a uma maior probabilidade de abandono escolar e a mais ausências de trabalho, de acidentes e de lesões.
Sobre a Dianova Portugal: o nosso objectivo é oferecer tratamento da dependência de drogas e do alcoolismo baseado em evidências científicas e com certificação em gestão da qualidade ISO 9001.