“Acabar com o Estigma #QuitStigmaNow” 2018
Durante a última década, a Dianova tem-se focado na educação e na defesa da saúde através da implementação de campanhas internacionais. Destinam-se a aumentar a consciência social sobre os riscos associados às dependências de substâncias e não substâncias entre os jovens, pais/famílias e pessoas que enfrentam um problema de dependência. #QuitStigmaNow
26 de Junho celebra o terceiro ano do Dia Internacional da Luta Contra o Uso e Tráfico Ilícito de Drogas das Nações Unidas desde a adopção dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) em 2015. Os 193 estados membros das Nações Unidas consensualizaram a nova Agenda de desenvolvimento sustentável “Transformar o Nosso Mundo: A agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Este documento inclui o compromisso de não deixar ninguém para trás na implementação destes objectivos.
Situação Actual
Muitas pessoas com perturbações relacionadas com substâncias psicoactivas sofrem de isolamento social e necessitam de enfrentar o estigma e a discriminação.
Os estigmas têm o potencial de impactar negativamente áreas diversas da vida de uma pessoa, incluindo emprego, habitação, relações sociais e saúde física e mental. Causam um atraso na obtenção de tratamento, na recuperação e, finalmente, na reintegração na sociedade. Além disso, aumentam as probabilidades de desenvolver comportamentos de risco. Diversos estudos mostraram que os estigmas são uma barreira significativa ao acesso aos serviços de saúde e tratamento.
Centenas de milhares de pessoas são criminalizadas, recebem longas penas de prisão ou, em alguns países, chegam a ser condenadas à morte por terem usado drogas ilegais. Em alguns países, o estado de direito deixa estas pessoas com o fardo de possuir um registo criminal que impede o seu acesso a determinados empregos.
Através do seu Manifesto, os membros da rede da Dianova internacional apoiam a implementação de políticas baseadas na saúde pública e direitos humanos. A organização apela ao fim das políticas repressivas que apenas servem para marginalizar os utilizadores de drogas e reduzir o acesso aos serviços que precisam.
Grupos Alvo
Os principais grupos afectados são:
> Mulheres que usam ou usaram substâncias que causam dependência
Estão sujeitas a uma dupla estigmatização. Como mulheres e como utilizadoras ou ex-utilizadoras de substâncias que causam dependência. Uma situação que pode piorar quando têm filhos. Isto pode resultar na negação do problema e uma relutância ou incapacidade de procurar o suporte necessário e aceder aos serviços de tratamento. Além disso, os serviços de tratamento raramente têm em consideração as suas necessidades específicas. A violência de género também é comum entre esta população.
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2015 mostra que, apesar do facto das mulheres representarem 1 em cada 3 utilizadores de drogas no mundo todo, elas representam apenas 1 em cada 5 pessoas em tratamento.
> Pessoas que se reabilitam do abuso de substâncias que causam dependência
O estigma associado a pessoas com distúrbios de dependência pode persistir por vários anos após a recuperação. Aqueles que estão genuinamente a tentar reconstruir as suas vidas estão sujeitos a preconceitos e estereótipos baseados no medo de pessoas que usam drogas.
A nossa sociedade continua a elogiar a importância de superar o álcool e outras drogas e tornar-se “cidadãos produtivos”, sem dar aos interessados a oportunidade de o fazer. Este aspecto é especialmente importante no que diz respeito à reintegração social e profissional, um factor chave na recuperação completa.
> Pessoas com perturbações relacionadas com substâncias
São vistas pela sociedade como pessoas com conduta negativa e baixa moralidade, responsáveis pela sua condição. A natureza multifacetada do problema, assim como a presença de factores biopsicossociais, ainda não é amplamente entendida.
Estigma, políticas repressivas e exclusão impede o acesso ao tratamento, redução de danos e outros serviços de saúde; impedindo as pessoas de gozar de toda a extensão dos seus direitos.
Campanha “Acabar com o Estigma” – “Não procure a diferença, Não existe!“
A campanha será lançada pelos membros da rede internacional Dianova nos seguintes países:
> Canadá, Chile, Uruguai, Nicarágua, EUA, Espanha, Itália, Portugal, Suécia, Eslovénia, Quénia, Paquistão, Índia
Procura consciencializar para os graves efeitos emocionais, físicos e psicológicos da rejeição social em pessoas com perturbações associadas ao abuso de álcool ou de outras drogas. Bem como outras dependências comportamentais. O objectivo último é salientar que a dependência não é uma escolha pessoal, mas um problema de saúde pública que deve ser tratado como tal.
“Acabar com o estigma” pretende promover a eliminação do estigma social a que estão sujeitas as pessoas com dependências ou que se encontram em fase de recuperação.
A estigmatização de pessoas que enfrentam tais problemas pode ter vários impactos:
> pode criar um sentimento de vergonha que pode atrasar a decisão de iniciar o tratamento de reabilitação.
> pode agravar os problemas de saúde e sociais que estão frequentemente associados ao seu estado. Nomeadamente, problemas de saúde mental, ausência de acesso a alojamento, transmissão da hepatite C ou do HIV.
> pode constituir um obstáculo para encontrar ou manter um emprego.
Sob o slogan “Não procure a diferença, não existe!“, a campanha pretende desconstruir o imaginário social de que todas as pessoas que usam ou usaram drogas são “delinquentes” ou que “o problema das drogas” se cinge à pobreza e ao tráfico de drogas, etc..
“Não há cidadãos de primeira ou segunda categoria e não devemos deixar ninguém para trás”. Junte-se à Dianova para acabar com o estigma #QuitStigmaNow
Objectivo geral e específicos
O objectivo desta campanha é reduzir o estigma associado às pessoas com perturbações relacionadas com substâncias psicoactivas. E promover serviços de tratamento e prevenção a que têm direito.
Os objectivos específicos relacionam-se com o ambiente sócio-político dos membros da rede Dianova.
> Profissionais de saúde
Podem ter crenças negativas sobre pacientes com perturbações de dependência. Os pacientes costumam ser considerados imprevisíveis, incapazes de seguir recomendações ou mesmo violentos. Serem estigmatizados pode dificultar o seu acesso a serviços de tratamento.
> Decisores políticos
A imagem negativa de pessoas com perturbações relacionados com substâncias psicoactivas na sociedade cria um menor número de iniciativas políticas com menos significado nesta área. Além disso, estas iniciativas são frequentemente influenciadas por posições ideológicas.
> Empresas
Em vez de considerar a dependência como um problema a ser resolvido para promover o bem-estar dos funcionários e, portanto, o seu compromisso com a empresa, muitos empregadores optam por caçar “dependentes de drogas”, gerando assim intolerância e discriminação.
> Órgãos de comunicação social
Em certas situações, os media usam uma linguagem escrita ou imagética estigmatizante para descrever pessoas que usam drogas. Por vezes, ao relacionar indiscriminadamente o uso de drogas à violência, incentivam à discriminação e ao preconceito.
Porque devemos acabar com o Estigma?
> A estigmatização impede que as pessoas que enfrentam perturbações relacionadas com substâncias psicoactivas de acederem a serviços de tratamento e redução de danos.
> A estigmatização torna a reintegração social e profissional mais difícil para a recuperação de pessoas com problemática de dependência.
> A dupla estigmatização que existe para as mulheres, com base no género e na sua história de abuso de substâncias, reduz o seu acesso a serviços de tratamento e redução de danos.
As duas imagens representam grupos de pessoas que podem vivenciar o estigma. O objectivo é convidar os públicos-alvo a reflectir sobre a importância de respeitar os direitos dessas pessoas, como seres e como cidadãos. As imagens apelam assim à acção para por fim à diferenciação de pessoas que precisam de ajuda e apoio.